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O AUTOR
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asci em São Paulo, capital. Atualmente tenho uma pequena editora de livros de literatura e artes, a Ficções Editora, nome inspirado no título de um livro de Jorge Luis Borges - Ficciones - e também por causa de uma frase de Fernando Pessoa: "Temos a arte porque a vida não basta." Livraria noturna no Bexiga - SP / Foto: Marcos Muzi
Cartum cedido por Henfil para
o convite da inauguração livraria / Reprodução Cartum do Henfil para a livraria / Reprodução
Em 1985, depois de passar pela universidade e o movimento estudantil, criei a antiga livraria artepaubrasil, com duas lojas em São Paulo: a primeira em frente ao Centro Cultural São Paulo, e a segunda, noturna, no antigo bairro boêmio do Bexiga, que abria todos as noites e só fechava com o último cliente. Eu vinha da mecânica. Morei na periferia de São Paulo, no bairro de Santo Amaro, região industrial. Fiz o Senai, me formei torneiro-mecânico, e logo depois virei projetista de máquinas, desses que projetam carros, empilhadeiras e tratores. Congresso de Estudantes - SP / Arquivo
Um dia resolvi fazer o curso de História na faculdade e me meti no Movimento Estudantil, nos tempos da UNE clandestina, bem no finalzinho da Ditadura Militar. Cheguei a ser eleito duas vezes diretor de cultura da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE/SP). Ao inaugurar a minha primeira livraria, logo percebi que precisava conhecer mais sobre livros e escritores a fim de saber o que selecionar para colocar à venda nas prateleiras. Foi então que fui fazer um curso de Literatura Infantil com a pedagoga Maria da Graça Segolin, no espaço cultural da Editora Brasiliense. O curso durou três meses e foi tão bom que dele surgiu um pequeno grupo para continuar conversando sobre o assunto em encontros quase semanais ao longo de dois anos.
E assim comecei a inventar livros. O primeiro livro foi o Era uma vez duas linhas, inspirado nos "nós" do Propp e sua Morfologia do conto maravilhoso, que estudamos no curso. Fiz com cartolinas coloridas. Ficou na gaveta por muitos anos. Um dia ele foi parar no ateliê do Marcelo Cipis e a Editora Iluminuras topou editar. Avenida 23 de Maio e o monumento dos Imigrantes Japoneses
que aparecem na aventura "As horas claras" Nos encontros do grupo, nas conversas sobre livros e literatura infantojuvenil, eu buscava inventar histórias tendo como cenário a grande cidade, a criança e o adolescente no espaço urbano. Não tinha filhos e morava no prédio em cima da livraria, em frente ao Centro Cultural São Paulo, dois quarteirões da Avenida Paulista. Eu trabalhava nas duas livrarias: diurna e noturna. Ia de uma para a outra, a semana toda, o ano inteiro. Chegava da noturna por volta das 5 da manhã e logo mais acordava para abrir a outra loja. Uma rotina fantástica entre livros e escritores. Escrevia histórias no balcão da livraria noturna, aproveitando versos em branco de filipetas que deixavam para divulgar peças de teatros e shows. Assim surgiram muitas aventuras da turma do prédio onde não existe o 11º andar. Eu chegava em casa e guardava os escritos em sacos plásticos dentro de uma caixa, esperando algum dia ter tempo para passar a limpo e, quem sabe, transformá-los em livros. Uma brincadeira que virou livro!
Por brincadeira nessa época, ao fazer um presente para Estrela Leminski, ilustrei em cartolinas o poema A lua no cinema, de Paulo Leminski, que depois virou livro. Enquanto isso, as minhas livrarias faziam sucesso: pela boa seleção de livros; pelo tipo de música que tocava (rock, jazz e blues); pelos postais poéticos que inventamos, divulgando a poesia brasileira de muitos poetas novos; pela liberdade para folhear livros, ler à vontade, dançar, de usar a livraria como ponto de encontro; e, principalmente, pelo público que frequentava, que incluía artistas, escritores, poetas, tradutores, gente do cinema e do teatro. As livrarias viviam lotadas! E milhares de livros chegavam das editoras para encontrarem muitos leitores. Matéria sobre a vinda ao Brasil de Eugen Gomringer
Projeto gráfico que fiz para coleção Poesia Visual
"Totem América" para a Mostra Internacional de Poesia Visual
Projeto gráfico que fiz para peça de Maria Alice Vergueiro e Lorca
Desta forma, ao vivo, durante centenas de noites varadas com amigos artistas e escritores e muito bate papo, conheci um pouco da literatura brasileira e estrangeira. Passaram pelas livrarias escritores e artistas como Augusto de Campos, Manoel de Barros, Alice Ruiz, Leminski, José Paulo Paes, Fanny Abramovich, Miguel Sanches Neto, Nelson Ascher, Paulo Lins, Leda Tenório, Philadelpho Menezes, Maria Alice Vergueiro, José Celso Martinez, Wolney de Assis, Jorge Mautner, Bete Coelho, Cacá Rosset, Christiane Tricerri, Antônio Abujamra, Regina Rennó, Laerte Ferreira, Donizete Galvão, Ésio Macedo, Guy Corrêa, Fred Maia, Alexandre Brito, Ricardo Silvestrin, Beatriz Azevedo, Ana Aly, Marcos Muzzi, entre tantos outros. Cheguei a editar pela primeira vez no Brasil o poeta Eugen Gomringer, inventor da poesia visual, e o poeta peruano César Vallejo.
Capa do livro "100 haicaístas brasileiros"
Em frente a livraria da Vergueiro, no Centro Cultural SP, acontecia todo ano o Encontro Brasileiro de Haicai. Venci os torneios dos II e III encontros com os haikais: luz amarela no quarto dela
ali se espera que um sonho entre pela janela flores ao vento na cortina da janela cores da primavera Os olhos do lago - meus haikais
Na livraria noturna inaugurei um espaço para divulgar poesia: Parede de Poesia Oswald de Andrade. Dela surgiu a coleção ptyx, com traduções de grandes poetas: Fernando Pessoa, Nicolás Guillén, Poetas Húngaros do século XX, Jorge Luis Borges, Stéphane Mallarmé, Octavio Paz, Jorge de Sena, Augusto de Campos, Andriéi Vozniessiênski, Alfred de Musset e Tristan Corbiére. Com ela ganhei o Prêmio Jabuti de Melhor Produção Editorial e o Prêmio Classic de Artes Gráficas, e um presente da gráfica que imprimiu a coleção pytx: a impressão do meu primeiro livro. Eu não tinha nenhum pronto, então surgiu o HÉ - Haikais, em parceria com Camila Jabur.
Participei de vários eventos literários naquele tempo, como a I Mostra Internacional de Poesia Visual e o Artes e Ofícios da Poesia, no Masp, quando consegui convencer e trazer o poeta Manoel de Barros pela primeira vez para um evento público — ele que era arredio às multidões e atrações! E ganhamos uma noite no teatro do Masp para apresentar um Workshop com a poesia de Manoel de Barros: A sedição das palavras. Convite do workshop com a poesia de Manoel de Barros
Aqui dá para ver um vídeo com uma matéria que fizemos para a TV Cultura: Manoel de Barros em entrevista "roubada" do Metrópolis
Cartaz do "Rimbaud Livre" por Augusto de Campos
Rimbaud Livre por Augusto de Campos
Foi também numa terceira livraria que tivemos (e durou pouco!), na rua Ministro Godói, atrás da PUC, que o poeta Augusto de Campos, na inauguração da loja, estreou um pequeno show poético musical com a poesia de Rimbaud, para o lançamento do livro Rimbaud Livre. O espetáculo ficou tão bonito que foi parar em vários palcos na Europa. O Encanto da Lua Nova em Bolonha e na Viagem Literária
Em 2005, nasceu o meu primeiro livro da caixa de guardados: o juvenil O encanto da Lua Nova, selecionado pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), para participar do catálogo da 43rd Bologna Children's Book Fair 2006, e participou de uma pesquisa apresentada na SBPC: Narrativa infanto-juvenil brasileira contemporânea: Múltiplas faces do mercado editorial. E me levou para participar do projeto Viagem Literária, em cidades no interior de São Paulo, pela Secretaria de Cultura do Estado. E outros livros foram nascendo: em 2010, o livro infantil A paixão de A e Z - Uma história de amor no alfabeto, pela Editora Peirópolis. Em 2012, o infantil Era uma vez duas linhas, com ilustrações de Marcelo Cipis, pela Editora Iluminuras; e o juvenil As Horas Claras, pela Ficções, que ganhou o Prêmio Proac de Publicação de Livro 2011. Em 2013 lancei os livros infantis: Estrelas Maduras, ilustrações de Erica Mizutani, e Dia Noite - Haikais, com Camila Jabur e ilustrações de Fê; os dois pela Editora Iluminuras. O livro Era uma vez duas Linhas foi finalista do 55º Prêmio Jabuti 2013 - categora Infantil. Em maio de 2014 lancei o juvenil O Elefante Entalado, com ilustrações de Fê, e ganhou o Prêmio Proac 2014 para escrever o livro A 1002ª manhã. Em 2016 criei o Passeio Literário ao Redor do Bairro. Fui coordenador do Projeto Biblioteca Viva, na SMC-SP, 2017/ 2019, como Assessor do Gabinete para o Livro e a Leitura. Criei o novo mobiliário da Biblioteca Viva e montei a Biblioteca Viva Modelo na Biblioteca Álvaro Guerra. Ainda criei a Feira de Livros da Cultura, Festa do Livro, Festa Literária Biblioteca Viva, e também coordenei o Estande da Bienal Internacional do Livro 2018 e a edição da Coleção de Mão em Mão, entre outras atividades. Em 2017 lancei o livro infantil O pequeno gênio, com ilustrações de Thiago Lopes, pelo selo Ficções Editora. Em 2018, lancei o livro infantil O gigante feliz, com ilustrações de Marcio Levyman, selo Ficções Editora, e participei da antologia Haicais tropicais, coordenação de Rodolfo W. Guttilla, pelo selo Boa Companhia, Companhia das Letras. Em 2019 criei e fio cofundador do Instituo Ekove, acessibilidade a conteúdos silenciosos. Participei do projeto Ônibus-Biblitoeca, da Prefeitura de São Paulo, na periferia da cidade, nos anos 2010 e 2011. Desde 2010 participo do projeto Viagem Literária, organizado pela SP-Leituras (Secretaria de Estado da Cultura SP) pelo interior de São Paulo. No teatro, em 2012, escrevi a peça A saga da Bruxa Morgana e a Família Real. Conheci também o bibliófilo José Mindlin, que sempre aparecia na livraria. Por algumas vezes ele me convidou para visitar a sua maravilhosa biblioteca, que atualmente está na USP, a Brasiliana. Ele me mostrou várias primeiras edições, e contou muitas histórias sobre livros e originais raros. Quando inventei o texto teatral da Família Real, criei um personagem em sua homenagem: Mindlin, o Bruxo Guardião dos Livros, que se infiltra na Real Frota durante a fuga da Família Real para o Brasil em 2008, a fim de proteger um livro raro e mágico. Borges
Jorge Luis Borges é o meu escritor favorito, que conheci nas minhas livrarias, logo no começo. Desde então, juntei muitos livros, dele e sobre ele, em várias edições. Lendo seus livros e entrevistas, conheci livros e escritores que eu imediatamente trazia para expor em minhas livraria. Talvez tenha sido por causa disso que as minhas livrarias faziam tanto sucesso: elas tinham Borges sugerindo o que selecionar para colocar nas prateleiras. É dele a frase: "Organizar bibliotecas é exercer, de um modo silencioso e modesto, a arte da crítica." Borges inspirou um de meus personagens: o Sr. Jorges, velho cego que tem uma biblioteca infinita e labiríntica, que ocupa todo o 10º andar do prédio onde não existe o 11º andar, nos livros O encanto da Lua Nova, As horas claras, e A 1002ª manhã. Tenho muitas outras histórias para contar sobre as minhas livrarias e essa fase inesquecível da minha vida. Borges dizia que um livro surge de outros livros; os meus livros surgiram das minhas livrarias. E vão continuar surgindo... Os olhos do lago - haikais Folder do autor >| BIOGRAFIA RESUMIDA |
Alonso Alvarez nasceu em São Paulo, capital. É escritor, editor e assessor para o livro e a leitura.
Em 1985 fundou a antiga livraria artepaubrasil. Sob esse selo, editou grandes escritores como César Vallejo, Nicolás Guillén, Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges, Augusto de Campos, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Eugen Gomginrer, entre outros. Com a coleção ptyx, em 1991, ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Produção Editorial e o Prêmio Classic de Artes Gráficas, 1990. Publicou o livro Hé-Haikais, com Camila Jabur. Ilustrou o livro infantil A lua no cinema, de Paulo Leminski. Venceu o II e o III Encontro Brasileiro de Haicai da Aliança Cultural Brasil-Japão. Em 2005 lançou o livro juvenil O encanto da Lua Nova, selecionado pela FNLIJ para participar do catálogo e da 43rd Bologna Children's Book Fair 2006. Em 2010 lançou o livro infantil A paixão de A e Z - Uma história de amor no alfabeto, pela Editora Peirópolis. Em 2011 o livro As horas claras recebeu o Prêmio Proac 2011. Em 2012 estreou no teatro com a peça A saga da Bruxa Morgana e a Família Real, com Rosi Campos e grande elenco; lançou o livro infantil Era uma vez duas linhas, com ilustrações de Marcelo Cipis, pela Editora Iluminuras; e o juvenil As horas claras, pelo selo Ficções Editora. Em 2013 lançou os livros infantis, Estrelas Maduras, ilustrações de Erica Mizutani, e Dia Noite - Haikais, com Camila Jabur e ilustrações de Fê, os dois pela Editora Iluminuras. O livro Era uma vez duas Linhas foi finalista do 55º Prêmio Jabuti 2013 - categoria Infantil. Em 2014 lançou o livro juvenil O Elefante Entalado, com ilustrações de Fê, pelo selo Ficções Editora; e ganhou o Prêmio Proac 2014 para escrever o livro A 1002ª manhã. Em 2016 criou o Passeio Literário ao Redor do Bairro. Foi coordenador do Projeto Biblioteca Viva, na SMC-SP, 2017/ 2019, como Assessor do Gabinete para o Livro e a Leitura. Criou o novo mobiliário da Biblioteca Viva e montou a Biblioteca Viva Modelo na Biblioteca Álvaro Guerra. Ainda criou a Feira de Livros da Cultura, Festa do Livro, Festa Literária Biblioteca Viva, e coordenou o Estande da Bienal Internacional do Livro 2018 e a edição da Coleção de Mão em Mão, entre outras atividades. Em 2017 lançou o livro infantil O pequeno gênio, com ilustrações de Thiago Lopes, pelo selo Ficções Editora. Em 2018, lançou o livro infantil O gigante feliz, com ilustrações de Marcio Levyman, selo Ficções Editora, e participou da antologia Haicais tropicais, coordenação de Rodolfo W. Guttilla, pelo selo Boa Companhia, Companhia das Letras. Em 2019 foi criou o Instituo Ekove, acessibilidade a conteúdos silenciosos. | FECHAR | |
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