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Meia-noite na biblioteca
NOVA EDIÇÃO | LIVRO ÚNICO COM TRÊS TEMPORADAS
TEMPORADA 3 INÉDITA!

Meia-noite na biblioteca
   NOVA EDIÇÃO
   LIVRO ÚNICO COM TRÊS TEMPORADAS
   TEMPORADA 3 INÉDITA!


Nesse lugar quase mágico, vivos, mortos e imortais se encontram para tecer novos enredos, revirando páginas de vidas que a existência ou a morte pareciam ter selado

Meia-noite na biblioteca é uma história que se passa em uma biblioteca única, situada dentro de um cemitério, onde Aline, uma jovem bibliotecária voluntária, une a comunidade através dos livros. A biblioteca, com suas estantes cheias de livros “vivos” e categorias afetuosas, torna-se um refúgio para os moradores e até para os espíritos do cemitério.

Como bem disse Fernando Pessoa, “quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma”, Aline vê com clareza tanto as palavras quanto as almas que perambulam pela biblioteca. E o leitor, por sua vez, se encanta e se inspira com um espaço de encontro e magia, repleto de histórias e memórias.

Autor: Alonso Alvarez
Capa: Rafa Antón
Prefácio da 1ª edição da Temporada 1: Bel Santos Mayer
Editora: Ficções
ISBN (Papel): 9786587622170
Formato: 14x21 cm
Páginas: 224
Ano: 2024
Para todas as idades, a partir dos 11 anos

Temporadas 1 e 2 premiadas pelos Proac e Proac Lab 2020, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo

OBRA SELECIONADA
:: Clube de Leitura QUINDIM (assinantes)
:: Bibliotecas Municipais de São Paulo
:: Bibliotecas Comunitárias na Amazôna Legal (VAGA LUME)

PARA QUEM GOSTOU DE LER
:: Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong
:: Os meus dias na Livraria Morisaki
:: A biblioteca dos sonhos secretos
:: A livreira de Paris



IMAGENS DA CAPA EM ALTA RESOLUÇÃO (CLIQUE PARA DOWNLOAD)

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Reprodução

Inspirado na Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, que por uma década residiu na casa do ex-coveiro do Cemitério de Colônia, em Parelheiros, este livro é um testemunho ficcional da vibrante militância literária nas margens de São Paulo – uma ode aos livros e à essência da vida.
Imagine uma biblioteca entre cruzes, jazigos e lápides – um santuário de histórias vivas no coração de um cemitério. Meia-noite na biblioteca entrelaça uma tapeçaria de vidas e almas imortais nesse espaço sagrado de leitura.

Inspirado na Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, que por uma década residiu na casa do ex-coveiro do Cemitério de Colônia, em Parelheiros, este livro é um testemunho ficcional da vibrante militância literária nas margens de São Paulo – uma ode aos livros e à essência da vida.

Aline, uma jovem moradora de uma região periférica no extremo sul da cidade, junto a um coletivo de entusiastas da literatura, inaugurou a primeira biblioteca do bairro em um abrigo inusitado dentro de um cemitério. Esse local singular não apenas uniu histórias contadas nos livros, mas também as conectou às experiências das pessoas que passaram a frequentá-lo, aos que descansavam ali e àqueles que enfrentavam o luto.

Aos dezessete anos, Aline é uma bibliotecária voluntária que se divide entre os estudos para ingressar na universidade pública e o trabalho noturno entregando pizzas de bicicleta. Morando com a avó Bintu, ela passa seus dias na biblioteca no cemitério, encontrando maneiras criativas e delicadas de conectar as pessoas e suas histórias com as narrativas dos livros.

Somos acolhidos pela atmosfera “desarrumada” da biblioteca, onde os livros encontram seus leitores em estantes com classificações inusitadas e afetuosas, e somos convidados a mergulhar nas aventuras dos personagens e a encontrar figuras como Zé Penado, o fantasma Jorge, as meninas Íris e Dalji, a anciã indígena Tamikuã, o Papai Careca, sra. Valéria, Gentil e o cachorro Junto, entre outros.

Além de estar situada dentro de um cemitério, a biblioteca se encontra no centro de uma cratera deixada por um meteorito há milhões de anos. Cercada pela mata atlântica e seis aldeias indígenas, a biblioteca é abraçada pela ancestralidade dos povos originários. Na região habitada majoritariamente por negros, sobreviventes da tentativa de “branqueamento” da população por d. Pedro II, que incentivou a vinda de alemães, a biblioteca se torna um símbolo de resistência cultural.

A primeira temporada se desenrola entre outubro de 2019 e março de 2020, capturando um momento histórico onde o mundo foi surpreendido e a biblioteca teve que se adaptar a uma nova realidade com o surgimento da pandemia da Covid-19. Na segunda temporada, a biblioteca é despejada do cemitério para que este pudesse ampliar o seu serviço durante a pandemia. A terceira temporada tem lugar na pós-pandemia, quando encontram um novo lugar e moradores da comunidade devolvem os livros que guardaram em suas casas.
ENGLISH

In this almost magical place, the living, the dead, and the immortal meet to weave new tales, turning the pages of lives that existence or death seemed to have sealed.

Midnight at the Library is a story set in a unique library located within a cemetery, where Aline, a young volunteer librarian, brings the community together through books. The library, with its shelves full of "living" books and affectionate categories, becomes a refuge for the residents and even for the spirits of the cemetery.

As Fernando Pessoa aptly said, "whoever cannot see a word well, cannot see a soul well," Aline sees both the words and the souls that wander the library with clarity. The reader, in turn, is charmed and inspired by this space of encounter and magic, full of stories and memories.

* * *

Imagine a library among crosses, tombs, and headstones—a sanctuary of living stories in the heart of a cemetery. Midnight at the Library intertwines a tapestry of lives and immortal souls in this sacred reading space.

Inspired by the Community Library Paths of Reading, which for a decade resided in the house of the former gravedigger of the Colônia Cemetery in Parelheiros, this book is a fictional testament to the vibrant literary activism on the outskirts of São Paulo, Brazil — a tribute to books and the essence of life.

Aline, a young resident of a peripheral region in the far south of the city, along with a collective of literature enthusiasts, inaugurated the neighborhood's first library in an unusual shelter within a cemetery. This unique place not only united stories told in books but also connected them to the experiences of the people who frequented it, those who rested there, and those who were facing grief.

At seventeen, Aline is a volunteer librarian who divides her time between studying to enter public university and working nights delivering pizzas by bike. Living with her grandmother Bintu, she spends her days in the cemetery library, finding creative and delicate ways to connect people and their stories with the narratives in the books.

We are welcomed by the "disordered" atmosphere of the library, where books find their readers on shelves with unusual and affectionate classifications, and we are invited to dive into the adventures of the characters and meet figures such as Zé Penado, the ghost Jorge, the girls Íris and Dalji, the indigenous elder Tamikuã, Bald Father, Mrs. Valéria, Gentil, and the dog Junto, among others.

In addition to being located within a cemetery, the library is situated in the center of a crater left by a meteor millions of years ago. Surrounded by the Atlantic Forest and six indigenous villages, the library is embraced by the ancestry of the native peoples. In a region inhabited mainly by black people, survivors of d. Pedro II's attempt to "whiten" the population by encouraging the arrival of Germans, the library becomes a symbol of cultural resistance.

The first season unfolds between October 2019 and March 2020, capturing a historical moment when the world was surprised and the library had to adapt to a new reality with the onset of the Covid-19 pandemic. In the second season, the library is evicted from the cemetery to allow it to expand its service during the pandemic. The third season takes place in the post-pandemic era, when they find a new place and community members return the books they had kept in their homes.


ESPAÑOL

En este lugar casi mágico, vivos, muertos e inmortales se encuentran para tejer nuevos relatos, volteando páginas de vidas que la existencia o la muerte parecían haber sellado.

Medianoche en la biblioteca es una historia que se desarrolla en una biblioteca única, situada dentro de un cementerio, donde Aline, una joven bibliotecaria voluntaria, une a la comunidad a través de los libros. La biblioteca, con sus estantes llenos de libros “vivos” y categorías afectuosas, se convierte en un refugio para los residentes e incluso para los espíritus del cementerio.

Como bien dijo Fernando Pessoa, “quien no ve bien una palabra, no puede ver bien un alma”, Aline ve con claridad tanto las palabras como las almas que deambulan por la biblioteca. Y el lector, a su vez, se encanta y se inspira con un espacio de encuentro y magia, lleno de historias y memorias.

* * *

Imagina una biblioteca entre cruces, mausoleos y lápidas – un santuario de historias vivas en el corazón de un cementerio. Medianoche en la biblioteca entrelaza un tapiz de vidas y almas inmortales en este espacio sagrado de lectura.

Inspirado en la Biblioteca Comunitaria Caminos de la Lectura, que durante una década residió en la casa del ex sepulturero del Cementerio de Colonia, en Parelheiros, este libro es un testimonio ficticio de la vibrante militancia literaria en los márgenes de São Paulo – una oda a los libros y a la esencia de la vida.

Aline, una joven residente de una región periférica en el extremo sur de la ciudad, junto con un colectivo de entusiastas de la literatura, inauguró la primera biblioteca del barrio en un refugio inusual dentro de un cementerio. Este lugar singular no solo unió historias contadas en los libros, sino que también las conectó con las experiencias de las personas que comenzaron a frecuentarlo, de quienes descansaban allí y de aquellos que enfrentaban el duelo.

A los diecisiete años, Aline es una bibliotecaria voluntaria que divide su tiempo entre estudiar para ingresar a la universidad pública y trabajar de noche entregando pizzas en bicicleta. Viviendo con su abuela Bintu, pasa sus días en la biblioteca del cementerio, encontrando formas creativas y delicadas de conectar a las personas y sus historias con las narrativas de los libros.

Somos acogidos por la atmósfera “desordenada” de la biblioteca, donde los libros encuentran a sus lectores en estantes con clasificaciones inusuales y afectuosas, y somos invitados a sumergirnos en las aventuras de los personajes y a encontrar figuras como Zé Penado, el fantasma Jorge, las niñas Íris y Dalji, la anciana indígena Tamikuã, Papá Calvo, la Sra. Valéria, Gentil y el perro Junto, entre otros.

Además de estar situada dentro de un cementerio, la biblioteca se encuentra en el centro de un cráter dejado por un meteorito hace millones de años. Rodeada por la Mata Atlántica y seis aldeas indígenas, la biblioteca está abrazada por la ancestralidad de los pueblos originarios. En una región habitada mayoritariamente por negros, sobrevivientes del intento de “blanqueamiento” de la población por d. Pedro II, que incentivó la llegada de alemanes, la biblioteca se convierte en un símbolo de resistencia cultural.

La primera temporada se desarrolla entre octubre de 2019 y marzo de 2020, capturando un momento histórico en el que el mundo fue sorprendido y la biblioteca tuvo que adaptarse a una nueva realidad con la aparición de la pandemia de Covid-19. En la segunda temporada, la biblioteca es desalojada del cementerio para que este pudiera ampliar su servicio durante la pandemia. La tercera temporada tiene lugar en la pospandemia, cuando encuentran un nuevo lugar y los residentes de la comunidad devuelven los libros que habían guardado en sus casas.



SUMÁRIO

9
Temporada 1

103
Temporada 2

151
Temporada 3

211
Prefácio da 1ª edição da Temporada 1
Nos caminhos da leitura, uma biblioteca
Bel Santos Mayer

216
A Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura

218
Notas

221
Sobre o autor


PREFÁCIO DA TEMPORADA 1

Nos caminhos da leitura, uma biblioteca
Bel Santos Mayer


É um privilégio ler um livro antes da impressão, contar com a confiança e autorização do autor para palpitar sobre o enredo e as personagens. É verdade, também, que podemos fazer isso sempre. Quem nunca mudou pedacinhos de alguma história lida ou ouvida, por esquecimento ou reivindicação de coautoria?

O livro Meia-noite na biblioteca é uma ficção inspirada numa biblioteca real: a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura (BCCL), a biblioteca do Cemitério de Colônia, em Parelheiros, a qual conheço muito bem.

Embora soubesse que se tratava de uma ficção (em que qualquer semelhança é mera coincidência), depois da mensagem do Alonso dizendo “É ficção, mas fiquei todo o tempo com o mapa de Parelheiros na mesa e lembrando da biblioteca”, fiquei bem à vontade para me meter na história. Em um tempo muito mais lento que o desejado por ele, mandava por WhatsApp minhas dúvidas, questionamentos e sugestões. Alonso pacientemente me respondia, justificando sua escolha ou com uma nova versão do texto.

Ao final, li a aventura completa duas vezes; alguns capítulos, quatro. Rendi-me às emoções que as personagens despertaram: passei da alegria com risos soltos, como se me fizessem cócegas nos pés, à tristeza e à dor, como se me arranhassem feridas antigas.

Desde a primeira leitura, lembrei-me de uma viagem à Cidade do México em 2016. Convidada a participar do III Congresso Ibero-Americano de Língua e Literatura Infantil e Juvenil – Cilelij, apresentei a BCCL em uma exposição de práticas inovadoras na área do livro, leitura e literatura.

Ainda que o México seja referência mundial em festividades em cemitérios, muitos visitantes foram atraídos(as) pelo banner com imagens de jovens lendo numa área fúnebre e por meu relato sobre a ocupação com livros, da antiga casa de um coveiro.

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Uma das conversas mais intrigantes aconteceu com um grupo Pomuch, da província de Campeche. Descendentes dos maias, eles e elas preservam um particular ritual de celebração do Dia dos Mortos: uma vez ao ano toda a família – filhos, filhas, netos, netas, avôs, avós, irmãos, irmãs, mães, pais, crianças, jovens e adultos –, com apoio de escovas, tiram resíduos (peles, cabelos, poeira) dos ossos dos(as) que já se foram. Depois de limpos, os ossos são colocados de forma bastante ordenada em toalhas lindamente bordadas com o nome do(a) ente querido(a). Enquanto fazem a limpeza, o vazio e a dor da ausência são preenchidos de notícias recentes, para que o(a) falecido(a) seja atualizado(a).

Esse relato resumido pode passar a impressão errada de que seja algo assustador, quando, na verdade, trata-se de um evento carregado de muita ternura e respeito. O povo Pomuch aprende desde criança, a manter os(as) ancestrais presentes na vida dele(a): prepara e come suas comidas e doces preferidos; mantém próximos às urnas funerárias objetos relacionados aos seus vícios, brinquedos e brincadeiras. As lembranças são uma forma de agradecer por suas existências.

O livro Meia-noite na biblioteca me parece uma metáfora desse ritual. Aline, a bibliotecária e mediadora da leitura da biblioteca do cemitério, acolhe mortos(as) e vivos(as) com a mesma delicadeza e respeito que os Pomuch limpam ossos ou bordam ponto por ponto as toalhas que os(as) receberão.

Luís, Mário, Osmar e Paulo são outros protagonistas dessa história. Moram em Parelheiros, área periférica rural, reserva de mata atlântica no extremo sul da cidade de São Paulo. Têm onze anos, são vizinhos e colegas de escola; vivem grudados e conhecem os gostos, os medos, os segredos e as manias uns dos outros. Dividem os dias entre estudo, brincadeiras, vontades e falta de dinheiro para saná-las (como a de tomar um “sorvete de máquina” colorido).

Por diferentes motivos eram “alunos nota dez” nas aulas de português. Sabemos, pelo narrador, que “Mário era craque na redação”, “Luís mandava bem nos verbos, não errava uma conjugação”, “Osmar conhecia as palavras como ninguém” e “Paulo era bom leitor, mas bom demais; lia em voz alta a ponto de fazer a sala inteira fechar os olhos e viajar”.

Chega um momento em que os livros da sala de leitura da escola são insuficientes para os interesses dos meninos. Eis que descobrem a existência de uma biblioteca no cemitério do bairro. A princípio acham que é uma pegadinha macabra. Afinal, quem colocaria uma biblioteca num cemitério onde repousam (tomara que repousem!) os restos mortais da vizinhança, incluindo um colega da turma?!

O narrador não poupa os quatro amigos das dores da perda de pessoas queridas. E faz isso escolhendo e acolhendo palavras suas e de outras autorias. Caminhando entre lápides, os meninos percebem que os jazigos são “manchados de lágrimas que os visitantes deixavam cair de tanto chorar”. Em um deles, Renata, que chora a morte do irmão, encontra versos da autora Alice Ruiz:

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido.


A cada capítulo chegam novos(as) mortos(as) e vivos(as). Suas histórias são relatadas de forma tão convincente, que é imediata a nossa torcida para que alguém ou alguma palavra iluminada ajude a estancar seus prantos. E é a literatura, citada em mais de uma dezena de obras e autores(as), com metáforas apetitosas, que cumpre essa função. Aline faz o “meio de campo”, e cada livro vai encontrando o seu leitor, a sua leitora.

Já aconteceu de alguém conversar com você por poucos minutos e adivinhar a música, a série ou estilo de livro que você gosta? Pois Aline é desse tipo: sempre tem um livro para indicar e acerta muito. E não porque tenha alguma fórmula misteriosa embaixo do turbante, mas porque é uma leitora com escuta afinada para narradores(as) de todas as idades. E por não fugir dos males que afligem as pessoas, sempre tem pílulas de leitura para recitar e receitar.

Mas nem pense que tudo é perfeição. Há roubo de girassóis, páginas de livro arrancadas, abandonos, perseguição policial, censura. Aos poucos vamos entrando na casa e na vida das personagens e na biblioteca do cemitério. Equipados com uma escovinha imaginária, vamos tirando o pó de ossos grandes e de ossinhos miúdos dos(as) nossos(as) ancestrais, enquanto ouvimos as histórias dos que estão em cima da terra e dos que voam alto em aviões e constelações de papel.

Com Aline e toda gente que ela recebe, percebemos que a biblioteca não é apenas para quem gosta de ler: a biblioteca é lugar para quem gosta de gente e de conversar sobre a vida e sobre leituras. Escutada, cada pessoa que chega vai se sentindo em casa.

Acredito que ao ler Meia-noite na biblioteca, você também terá vontade de segurar um cartaz que fizemos na BCCL: “Essa biblioteca também é minha!”

Boa leitura!



Bel Santos Mayer é educadora social, mestra em turismo (EACH/USP), coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, uma das fundadoras da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura (Ibeac), co-gestora da Rede de Bibliotecas Comunitárias LiteraSampa, autora do livro Parelheiros idas e vi(n)das ler viajar e mover-se com uma biblioteca comunitária e uma das organizadora do livro Nascidos para ler no melhor lugar para se viver.


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Foto
Foto: Lívia Wu / Acervo Ibeac


Ao final, li a aventura completa duas vezes; alguns capítulos, quatro. Rendi-me às emoções que as personagens despertaram: passei da alegria com risos soltos, como se me fizessem cócegas nos pés, à tristeza e à dor, como se me arranhassem feridas antigas.




Um lugar de acesso público onde os trabalhos pudessem continuar: a antiga casa do coveiro, no cemitério de colônia. O que poderia ser um empecilho, com o tempo se tornou um cartão-postal da cidade.
Reprodução


A Biblioteca Comunitária
Caminhos da Leitura


Em 2008, nascia na região de Parelheiros a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura – BCCL, um novo espaço de irradiação do livro, leitura e literatura para a cidade de São Paulo. Sonhada e semeada por um grupo de adolescentes de Parelheiros em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – Ibeac, a Caminhos da Leitura abriu as portas pela primeira vez na sala de uma Unidade Básica de Saúde – UBS da região. Além de um acervo disponível à comunidade, as receitas médicas eram acompanhadas por “pílulas de leitura” – indicações e trechos literários.

Após dois anos, a biblioteca precisou desocupar a UBS. Com local incerto, não demorou para que achassem um lugar de acesso público onde os trabalhos pudessem continuar: a antiga casa do coveiro, no Cemitério de Colônia. O que poderia ser um empecilho, com o tempo se tornou um cartão-postal da cidade. E foi nesse espaço, há mais de dez anos, que a biblioteca continuou sua missão de tornar Parelheiros um território leitor, dialogando e pensando soluções para os desafios da comunidade, valorizando suas potencialidades. O espaço é mantido por jovens “escritureiros”: aventureiros da escrita de Parelheiros.


Mapa de Parelheiros / Reprodução


Fundado em 1829, no bairro Colônia Paulista, zona sul de São Paulo, o Cemitério de Colônia objetivava atender famílias de imigrantes alemães que chegaram na região no início do século XIX. Nas proximidades do cemitério há a Cratera da Colônia, criada pelo impacto da queda de um meteorito de cerca de duzentos metros de diâmetro, em data estimada entre 36 milhões e 5 milhões de anos atrás. Há apenas três crateras desse tipo no mundo, sendo uma no México, uma na Alemanha e a no Brasil, que fica em Parelheiros, tem 3,6 quilômetros de diâmetro, cerca de trezentos metros de profundidade e uma borda soerguida de 120 metros.

Dentre as particularidades de Parelheiros está o seu nome, que originou-se das corridas de cavalos em parelhas, esporte dos antigos moradores. Na região há seis aldeias indígenas guaranis: Kalipety, Krukutu, Tape Mirĩ, Tekoa Porã, Tenondé Porã e Yrexakã. É também uma das regiões com maior percentual de presença negra da capital paulista: 57,1%. Abriga uma reserva de mata atlântica, onde se encontram duas extensas áreas de proteção ambiental: Bororé-Colônia e Capivari-Monos. Nessa região, encontram-se cinco parques naturais: Varginha, Cratera da Colônia, Bororé, Itaim e Jaceguava.

Reprodução


E é nesse território que, ao longo dos anos, a Caminhos da Leitura reuniu muitas histórias de moradores de Parelheiros e um acervo de 5 mil livros, com foco na bibliodiversidade: a BCCL abriga literatura indígena, africana, negra, infantil, juvenil, contos, romance, poesia, HQs, além de obras sobre sustentabilidade, direitos humanos, educação sexual e gênero, títulos em braile e muito mais.

Em 2021, durante a pandemia da Covid-19, a BBCL precisou sair do atual espaço para que o cemitério pudesse ampliar seus serviços. Em breve, irá florescer em um novo local. Como sempre, contando com a participação da comunidade, a biblioteca criou a campanha “Eu (a)guardo a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura”, em que a comunidade, amigos e parceiros da biblioteca recebem uma bolsa com dez obras literárias e serão guardiões e guardiãs desse acervo, até que o novo espaço renasça.

Conheça mais sobre a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura e apoie suas ações:

Ibeac
facebook.com/bccaminhosdaleitura
instagram.com/bc.caminhosdaleitura







Os personagens, vivos ou mortos, entram na história como se não houvesse diferença entre eles. Aline, que estuda para entrar na faculdade e à noite ainda trabalha como entregadora de pizzas, é o fio condutor da jornada que aborda escritores e obras, de forma natural, gostosa como uma conversa entre pessoas que amam os livros.



Matéria no Fantástico/TV Globo sobre a Biblioteca

Matéria no Fantástico/TV Globo sobre "Pesquisa inédita mostra que a juventude diz sim à política e não à intolerância" também apresenta a militância literária na Biblioteca Caminhos da Leitura, em Parelheiros, que por dez anos ficou abrigada na casa do ex-coveiro no Cemitério de Colônia, em Parelheiros. Biblioteca inspirou o livro "Meia-noite na biblioteca".








LEITURA NO FEMININO

No artigo, “A leitura no feminino”, no Jornal Rascunho, edição de abril, José Castilho destaca a jovem bibliotecária Aline, personagem do livro “Meia-noite na biblioteca”, inspirado na Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, ao abordar a recente pesquisa “O Brasil que Lê” que mostrou o engajamento maciço de mulheres à frente de projetos referenciais de leitura.



JOSÉ CASTILHO
É doutor em Filosofia/USP, docente na FCL-Unesp, editor, gestor público e escritor. Consultor internacional na JCastilho – Gestão&Projetos. Dirigiu a Editora Unesp, a Biblioteca Pública Mário de Andrade (São Paulo) e foi secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (MinC e MEC).






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